Lavagem de dinheiro e suas etapas
A lavagem de dinheiro é o processo de ocultar a origem ilícita de recursos financeiros, de forma a integrá-los ao sistema econômico formal, como se fossem provenientes de atividades legais. Esse processo geralmente ocorre em três etapas principais:
1. Colocação (Placement)
Nesta etapa, o dinheiro obtido de forma ilícita é introduzido no sistema financeiro formal. É o momento mais vulnerável à detecção pelas autoridades.
Exemplos de técnicas:
- Depósito de grandes quantias de dinheiro em contas bancárias;
- Compra de bens de alto valor, como imóveis, joias ou obras de arte;
- Divisão dos valores em quantias menores para evitar alertas automáticos (“smurfing”);
- Transferências para instituições financeiras de países com regras mais brandas (paraísos fiscais).
2. Ocultação ou Estratificação (Layering)
O objetivo aqui é dificultar o rastreamento da origem ilícita dos recursos, criando camadas de transações financeiras e atividades complexas.
Exemplos de técnicas:
- Realização de várias transferências entre contas bancárias em diferentes jurisdições;
- Compra e venda de ativos (imóveis, títulos, ações) para criar um histórico aparente de legitimidade;
- Uso de empresas de fachada ou offshores;
- Conversão de recursos em criptomoedas ou ativos digitais.
O termo ocultação não é uma etapa formalmente reconhecida na lavagem de dinheiro, mas é frequentemente usado para descrever a segunda etapa do processo, também chamada de estratificação (layering). A ocultação ocorre quando se buscam meios de esconder ou disfarçar a origem ilícita dos recursos financeiros, criando complexidade para dificultar o rastreamento pelas autoridades.
Na prática, isso envolve o encobrimento da origem e do rastro do dinheiro por meio de transações financeiras, empresas de fachada ou ativos que confundam a fiscalização.
Exemplos de ocultação (estratificação):
- Transferências internacionais: Enviar o dinheiro para contas em diferentes países, preferencialmente em jurisdições com baixa cooperação internacional.
- Uso de intermediários: Operar por meio de “laranjas” ou empresas de fachada para disfarçar os verdadeiros beneficiários.
- Mistura de fundos ilícitos com lícitos: Inserir o dinheiro ilegal em negócios legítimos, como restaurantes ou postos de gasolina, para disfarçá-lo como receita.
- Conversão de moeda ou ativos: Transformar o dinheiro em bens, como ouro, imóveis ou criptomoedas, para dificultar o rastreamento.
3. Integração (Integration)
A última etapa consiste em introduzir o dinheiro “limpo” no mercado formal, de forma que pareça legítimo e tenha origem lícita.
Exemplos de técnicas:
- Investimento em negócios aparentemente legais, como empresas legítimas;
- Compra de ativos ou propriedades com os recursos lavados;
- Mistura do dinheiro ilícito com receitas de negócios legais;
- Financiamento de projetos comerciais ou industriais.
Medidas de Combate à Lavagem de Dinheiro
Para prevenir e combater a lavagem de dinheiro, instituições financeiras e governos adotam estratégias como:
- Monitoramento de transações suspeitas;
- Conhecimento do cliente (KYC – Know Your Customer);
- Relatórios de operações financeiras atípicas;
- Cooperação internacional entre órgãos reguladores e policiais.