Paridade do poder de compra, o que é ?
Uma hipótese famosa no estudo da economia, conhecida como lei do preço único, estabelece que o mesmo bem não pode ser vendido por preços diferentes, em lugares diferentes, ao mesmo tempo. Se uma tonelada de trigo é vendida em São Paulo por menos do que em Buenos Aires, seria lucrativo comprar trigo no primeiro lugar e depois vendê-lo na segunda cidade. Bom destacando que isso é um exemplo hipotético e foge da lógica da realidade atual em que a Argentina nos vende trigo, mas para fins de memorização esse exemplo contra-intuitivo fica melhor.
Voltando à questão da diferença de preços do trigo, essa oportunidade de lucro ficaria rapidamente aparente para negociantes que praticam arbitragem, ou seja, pessoas que se especializaram em comprar barato em um certo lugar ou mercado e vender mais caro em outro lugar. Logo, à medida que estes negociantes fossem tirando proveito dessa oportunidade, eles fariam crescer a demanda por trigo em São Paulo e aumentariam a oferta de trigo em Buenos Aires. Suas ações direcionariam os preços do trigo para cima no Brasil e para baixo na Argentina garantindo assim que os preços ficassem iguais nos dois mercados.
A lei do preço único aplicada aos mercados internacionais é conhecida como paridade do poder de compra (PPC). Ela declara que, se é possível a arbitragem internacional, então $1 (ou qualquer outra moeda corrente) deve ter o mesmo poder de compra em todos os países. O argumento se dá da seguinte maneira: Se um dólar conseguisse comprar mais trigo internamente do que no exterior, haveria oportunidade de lucrar com compra do Trigo dentro do país e com a sua venda no exterior. Os negociantes, na busca por lucros, direcionariam para cima o preço interno do trigo em relação ao preço no exterior. De modo semelhante, se um dólar conseguisse comprar mais trigo no exterior do que internamente, os haveria compra trigo no exterior e vende desse produto internamente, direcionando para baixo preço interno em relação ao preço no exterior. Por conseguinte, a busca de lucros faz com que os preços do trigo sejam os mesmos em todo os países.
Podemos interpretar a doutrina da paridade do poder de compra utilizando nossos modelos para taxa de câmbio real. Ação rápida desses negociantes arbitradores internacionais indica que as exportações líquidas são bastante sensíveis à pequenos movimentos na taxa de câmbio real. Uma pequena diminuição no preço de bens internos em relação a bens no exterior – ou seja, função da taxa de câmbio real – faz com que os negociantes arbitrem os bens comprando-os internamente e os vendam no exterior. De modo semelhante, pequeno aumento no preço relativo dos bens internos faz com que os negociantes importem os bens do exterior. Portanto, figura acima mostra a curva de exportações líquidas que é muito pouco inclinada no nível da taxa de câmbio real que iguala o poder de compra entre os países: Qualquer pequena variação na taxa de câmbio real acarreta uma grande mudança nas exportações líquidas. Essa extrema sensibilidade das exportações líquidas garante que a taxa de câmbio real de Equilíbrio esteja sempre próxima do nível que garante a paridade do poder de compra.
A paridade do poder de compra tem duas implicações importantes. Primeira, como a curva de exportações líquidas é pouco inclinada, poupança ou investimento não influenciam a taxa de câmbio real a taxa de câmbio nominal. Segunda, taxa de câmbio real é fixa, variações na taxa de câmbio nominal resultam de variações nos níveis de preços.
Essa doutrina da paridade do poder de compra realista? A maior parte dos economistas acredita que, apesar de sua lógico atraente, a paridade do poder de compra não proporcionam uma descrição completa precisa do mundo. Em primeiro lugar, eles não são facilmente comercializados. Um corte de cabelo por ser mais caro em Tóquio do que em Nova York, mas não há espaço para arbitragem internacional, possível transportar cortes de cabelo. Em segundo lugar, até mesmo os bens comercializáveis nem sempre são substitutos perfeitos. Alguns consumidores preferem toyotas, enquanto outros preferem Ford. Assim, o preço relativo das toyotas e fords pode variar, sem deixar nenhuma oportunidade de lucro por meio da arbitragem. Por esses motivos, a taxa de câmbio real efetivamente varia ao longo do tempo.
Embora a teoria da paridade do poder de compra não Descreva o mundo com perfeição, ela está ativamente proporcionam uma razão pela qual a movimentação na caixa de câmbio real é limitada. Existe bastante validade nesta lógica subjacente: Quanto mais a taxa de câmbio real se afasta do nível previsto pela paridade do poder de compra, maior incentivo para que as pessoas se envolvam na arbitragem internacional de bens. Embora não possamos confiar na paridade do poder de compra para eliminar todas as variações na taxa de câmbio real, essa doutrina oferece uma razão para se esperar que as oscilações na taxa de câmbio real sejam, de um modo geral, pequenas ou temporárias.