Regras Especiais de Concordância Nominal
Há no português diversas concordâncias nominais dispersas que precisam ser decoradas pelos alunos que pretendem enfrentar um certame público, vestibulares ou ENEM. É importante ter em mente quais são essas possibilidades de concordância para que os termo sejam bem colocados em nossas frases e para que haja possibilidade de acertarmos questões que são necessárias em contexto de prova.
Vejamos agora algumas dessas sentenças que possuem concordância nominal de grande valia para provas de concurso:
1º) Pronomes demonstrativos: “Mesmo” / “Próprio” – São pronomes demonstrativos de reforço para substantivos e pronomes retos, portanto concordam com o termo a que se referem em gênero e número, vejamos exemplos:
- As portas se fecham por si mesmas. (pronome concorda com o núcleo a que se refere “portas” = substantivo feminino no plural, então “mesmas” será no feminino plural)
- Eles próprios fizeram a reclamação. (pronome “mesmo” concorda com o pronome reto “eles”, portanto deve estar no plural masculino);
2º) Leso e Quite – São termos adjetivos que concordam em gênero e número com o termo a que se referem, por exemplo:
- Foi uma atitude de lesa-pátria, um ato de leso-patriotismo. (adjetivos concordam, respectivamente, com: Atitude e Ato que são os substantivos que regulam a concordância);
- Depois do acordo, os dois ficaram quites. (quite concorda com “os dois”);
- Maria está quite com joão. (concorda com Maria).
3º) Menos – é sempre masculino, sendo advérbio ou pronome, nessas condições não há variação do termo quanto à concordância.
- Era menos bonita do que você. (advérbio)
- Existiam menos pessoas ali. (pronome)
Não existe “menas”, é sempre menos, mesmo que seja pronome o termo será invariável, logo não há feminino sendo sempre masculino.
4º) Alerta – sempre invariável, pois é advérbio de modo, significando a redução da locução “em estado de alerta” ou “em alerta”. A locução adverbial de alerta seria “em estado de alerta”, mas por economia linguística utiliza-se alerta. O termo sempre será no singular e sempre terminado em “a”.
Ressalta-se que é muito fácil confundir Alerta como adjetivo e, portanto, variando o termo quando, na verdade, ele é sempre advérbio não sendo passível de variar assim fica:
- Os soldados estão alertas. (errado);
- Os soldados estão alerta. (certo – Os saldados estão em alerta).
5º) Anexo – é adjetivo e concorda com o termo a que se refere, ou seja, sendo adjetivo o termo irá variar em gênero e número, vejamos exemplos:
- Vão anexos um recibo e uma certidão.
- Vai anexo um recibo e uma certidão.
Diferentemente de Alerta, que a maior parte da população considera o termo como adjetivo, o erro do termo “anexo” é considerá-lo advérbio, ou seja, há uma inversão de funções entre os dois termos quanto à função morfológica pela população em geral. O correto é “segue anexo” e não “em anexo”, pois não trata-se de advérbio, assim devemos dizer:
- Segue anexo o arquivo neste e-mail. (é errado: Segue em anexo o arquivo neste e-mail);
6º) Todo – quando o pronome todo corresponder a totalmente, concordará em gênero e número, embora seja equivalente a um advérbio. Vejamos um exemplo:
- A equipe jogava toda de branco.
- As meninas jogavam todas de branco.
Veja que o “toda” equivale a dizer totalmente, ou seja, é pronome que irá equivaler à advérbio sendo uma derivação imprópria. Embora tenha sentido adverbial o “toda” é pronome e, portanto, irá variar.
7º) Só – o termo “só” pode significar “Somente /Apenas” ou “Sozinho”.
- Só = “Somente ou apenas” – é advérbio, portanto, acompanha o verbo e é invariável, logo:
- Eles só compraram o necessário.
- Só = “Sozinho” – é adjetivo e varia segundo o termo núcleo, logo:
- Eles jamais ficarão sós.
- Ele ficou só.
O advérbio “a sós” existe na norma culta, então a expressão “eles ficaram a sós”, está certa, mas destaca-se que o termo não possui o significado de “se sentir sozinho” esse termo diz que os indivíduos ficaram afastado de outros.
8º) Obrigado – é termo adjetivo e concorda com o substantivo a que se refere; equivale ao adjetivo grato e as mesmas variações que ocorrem nesse ocorrerá com aquele. Assim se há grato/grata/gratos/gratas também haverá obrigado/obrigada/obrigados/obrigadas.
O Plural de “obrigado” é pouco utilizado em nosso cotidiano, mas ele existe e há a possibilidade de utilizá-lo. Vejamos alguns exemplos:
- Muito obrigado, falou José.
- Muito obrigada, falou Maria.
- Muitos obrigados, falou Maria e José.
9º) É bom, é necessário, é preciso, é permitido, é proibido, etc – Quando o sujeito dessas expressões estiver determinado pelo artigo ou por qualquer determinante, a concordância será feita com o artigo ou o outro determinante que o acompanha. Se, entretanto, não existe determinante algum, com o artigo, a expressão ficará invariável no masculino singular. Vejamos um exemplo:
- É proibida a entrada . (sujeito = entrada, como está com artigo e “proibido” está com o verbo de ligação, então haverá concordância com o artigo)
- É proibido entrada. (sujeito = entrada, como está sem artigo e proibido está com verbo de ligação não haverá concordância de proibido com o sujeito).
Veja que a concordância não será feita com o predicativo e sim com o determinante (artigo ou outro termo que determina o predicativo), assim dissemos:
- Água é bom para a saúde./ Água é mal para saúde. (concordância com o substantivo)
- A água é boa para saúde. / A água é má para saúde. (concordância com o artigo)
8º) Possível – a concordância far-se-á com o artigo que compõe a expressão “o/a mais, o/a menos, o/a maior, o/a menor, o/a melhor, o/a pior”. Vejamos alguns exemplos:
- Cadernos o mais limpos possível.
- Cadernos os mais limpos possíveis.
Veja que é “o mais possível” / “os mais possíveis” o artigo é o determinante da concordância para o substantivo possível.
9º) Bastante – é um termo que poderá assumir três morfologias advérbio, adjetivo ou pronome, apesar disso há duas possibilidades de concordância para o termo, vejamos:
A) Bastante – quando pronome indefinido ou adjetivo ele irá variar quanto a concordância segundo o núcleo. Ele indicará “suficiente” quando for adjetivo e logo após ele virá um substantivo com quem deve concordar. Já com pronome indefinido irá expressar qualidade ou quantidades indefinidas aparecendo na frase com substantivos e com eles concordará em número.
- Ele falava bastantes besteiras (= muitas besteiras – pronome indefinido).
- Havia bastantes livros (= muitos livros – pronome indefinido) na sala.
- Há bastantes objetos (suficientes objetos – adjetivo) no quarto.
A concordância com o bastante sendo pronome ou adjetivo seguem as mesmas ordem, portanto, não há como confundi-las.
B) Bastante – é advérbio de intensidade e fica invariável quanto a concordância quando assumir essa função, sendo que é a utilização mais comum no português pra o termo, veja um exemplo:
- Ele falava bastante (= muito).
- As meninas estavam bastante satisfeitas (=muito).
Veja que a expressão bastante quando vier a ser advérbio será invariável, virá qualificando um verbo, outro advérbio ou adjetivo, e irá seguir a mesma lógica do termo “muito” quando indica intensidade que só assumira a forma no singular.
O termo bastante pode ser substituído por “muito”, quando irá concordar segundo a mesma regra do pronome indefinido ou não irá variar quando for adverbio de intensidade. Destaca-se que o uso desse termo como adjetivo indicando suficiente é pouco comum.
Resumindo: Bastante como advérbio de intensidade (falava muito) não irá variar e como pronome indefinido (falava bastantes besteiras) irá variar.
10º) A olhos vistos – é locução adverbial de modo e fica invariável quanto a concordância, quando a expressão equivale à “de forma clara, evidente”.
- As crianças crescem a olhos vistos.
A locução “olhos vistos” é fechada e não possui variação ficando sempre no masculino plural e não havendo variação.